O casal perfeito : Rainha de Copas e Lorde Voldemort

Novamente eu estava navegando na internet em busca de informações sobre gestão de uma organização e vi um material muito bom, que cita uma reportagem da revista HSM Management número 81 de Julho-agosto 2010, para facilitar o entendimento vou estar resumindo isso tudo aqui no blog.

É sobre um reality show inglês que ajudou o presidente de uma grande construtora a sair do seu “País das maravilhas”, o que ela chamou de ManagementLand, e conhecer a realidade da organização, pois sempre que temos o presidente da empresa presente, todos se comportam diferente.

Isso ocorre por que com o aumento das empresas e das suas estruturas organizacionais os tomadores de decisão ficam bem afastados da realidade de quem está em contato direto com o cliente. Quanto maior a quantidade de níveis hierárquicos que a empresa possui, mais afastada da realidade do cliente a alta administração está e com isso, o processo de decisão fica com menos dados, informações e vivência dessa realidade e, por essa razão, mostram-se quase desconectadas da realidade, vivendo um “País das Maravilhas”.

O grande problema é que neste mundo dos “País das maravilhas” ou ManagementLand, o presidente da empresa está a cada dia mais parecido com a Rainha de Copas do filme “Alice no país das maravilhas”, com uma visão de curto prazo e que tem como única opção confiar nos assessores mais próximos que também não estão nada perto da realidade, na verdade estão apenas um nível a mais próximo.



Na maioria das empresas, a direção ou alta administração ficam como a Rainha de Copas, estão sempre na torre do seu castelo (o último andar do prédio, e se possível com elevador exclusivo), e com isso não conseguem enxergar com os próprios olhos o que acontece em toda a empresa.

Para piorar o cenário, em várias empresas temos um casamento dos comportamentos da Rainha de Copas com o Lorde Voldemort, aquele que não deve ser nomeado, da saga Harry Potter. Este casamento é um completo desastre para a organização, pois um não consegue ver e ouvir, enquanto que o outro deseja que ninguém fale.



O engraçado no caso do Lord Voldemort é que a maioria das pessoas não tem coragem de mencionar o nome do vilão, sempre se referindo a ele como “aquele que não deve ser nomeado”, sendo que Harry Potter é o único que tem coragem de falar o nome do vilão. E isso também acontece nas empresas, pois muitas vezes as pessoas sabem dos problemas, mas só falam sobre isso em lugares reservados e escondidos, pois só lá podem falar sobre “aquilo que não deve ser nomeado”. São poucos os funcionários do tipo “Harry Potter” nas empresas que têm coragem para falar o nome do vilão “VOLDEMORT”.

Algumas vezes temos igual ao quinto livro ou filme da série “Harry Potter e a ordem da Fênix” onde mesmo após o vilão voltar, algumas pessoas preferem negar veementemente a volta do vilão e passa a perseguir Harry Potter chamando-o de mentiroso e irresponsável, ou seja, ao invés de verificar a veracidade da mensagem, tenta culpar o mensageiro.

Para combater este casamente destruidor entre Rainha de Copas e o Lorde Voldemort, existem algumas dicas para enfrentar esta desconexão da realidade:
  • Seja um ouvinte excepcional, mas seja mesmo. Não adianta fazer de conta que ouve quando, mentalmente, você está é recheando sua fala com mais argumentos.
  • Vá para a linha de frente. Não é necessário nenhum disfarce. Basta ser o presidente de uma fábrica de iogurtes que fica quatro horas no supermercado uma vez por mês, observando o que os clientes falam, ou mesmo utilize o mesmo tempo no call center da empresa. O raciocínio vale para todos os escalões de liderança, até o gerente júnior, o supervisor, o líder informal. Vá para a linha de frente em algum momento do mês.
  • Tenha, regularmente, reuniões um-a-um, ao menos com os funcionários-chave. Não fique só ouvindo o que um terceiro lhe traz de informações sobre a atividade deles. Vá direto à fonte. Mesmo sem querer, o terceiro deturpa a informação. Isso, quando não o faz de propósito.
  • Faça reuniões informais com as pessoas, de café da manhã, cafezinho, chá da tarde, restaurante etc.
  • Realize pesquisas com os funcionários. Muitas. A única desculpa aceitável para não fazê-las é você saber de antemão que não fará nada a respeito dos resultados.
  • Não seja prisioneiro em sua torre de marfim. Saia sempre do escritório. Ande por toda parte.
  • Valha-se da tecnologia das redes sociais online – blogs, twitter, facebook, msn– ou dos e-mails e SMS de celular, que seja. Em vez de reclamar que os outros usam esses instrumentos em excesso, use-os você também, como aliados, na medida certa.
  • Vá almoçar sempre com funcionários, tanto quanto com clientes. No restaurante da empresa ou nos arredores. (O conselho coincide em certo ponto com o item 4, mas não 100%.)
  • Estabeleça uma cultura suficientemente informal e tranquila em que as pessoas se sintam à vontade para desafiar a autoridade e para falar o que realmente pensam.
  • Busque feedback o tempo todo e em ângulo de 360 graus. Não adianta a opinião de um ou dois gatos pingados.

Agora tenho algumas perguntas para vocês:
  • Quantos “Voldemort” temos dentro das empresas em que vocês trabalham e que precisam deixar de ser “aquele que não deve ser nomeado”? 
  • Quantas Rainhas de Copas precisam sair de seus castelos e terem contato e experiência com a realidade de toda a empresa? 
  • Onde estão os “Harry Potter” dentro das nossas empresas? Você é um deles?
  • Até quando teremos que negar a existência dos “Voldemort” dentro de nossas empresas? 
  • Será que é preciso que um executivo, em qualquer nível da empresa, tenha que se vestir à paisana, como no reality show citado, para conhecer a realidade cotidiana dos funcionários na empresa?
É importante saber que se quisermos alcançar resultados realmente extraordinários temos que passar a encarar de frente os “Voldemort” presentes em nossas empresas. Afinal de contas, para resolver um problema, de qualquer natureza, o primeiro passo é reconhece-los e passar a nomeá-los. 



Mas não é só isso, precisamos  fugir do Managementland, temos que rir com o Gato, correr atrás do Coelho, tomar um chá com o chapeleiro maluco. 

Você precisa identificar e nomear os problemas “Voldemort” existentes dentro da sua empresa, e por favor nunca mande cortar a cabeça da Alice só porque uma carta do seu baralho de soldados implicou com ela. Abra todas as portas, as enormes e as minúsculas também. 

O material que falei no começo foi a do Blog do Marcelão.

E na empresa de você tem uma Rainha de Copas, um Lorde Voldemort ou já um casamento? Fico esperando a sua contribuição aqui nos comentários, um abraço, continuaremos com a busca por mais conhecimento e nos acompanhe nas redes sociais.


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